O estudo que circula pelas redes mais atual, é uma meta-análise, o que significa que primeiro é feita a coleta de forma sistemática de todos os dados disponíveis —sem quaisquer filtros específicos. Depois, a equipe avalia a qualidade deles para checar se é suficientemente boa (seguindo os critérios científicos) e com dados homogêneos. Se a resposta for positiva, junta-se todas as pesquisas e os cientistas realizam uma análise para ver se os diferentes estudos —muitas vezes feitos em países variados e com pessoas de perfis distintos— são compatíveis (em questão de método de pesquisa) e se as conclusões de cada um concordam entre si. Se é o caso, a conclusão pode ser considerada robusta e indicar um caminho a seguir.
Outro problema é que a maioria dos artigos escolhidos para a meta-análise não foram publicados e revisados por pares, o que garantiria a checagem da qualidade. "São dados que só os criadores desse estudo têm, então falta a avaliação de outros pesquisadores que não participaram da investigação, o que faz parte do protocolo de regras a serem seguidas.
A fama do remédio de piolho nesta pandemia teve início com um estudo feito por pesquisadores da Monash Univeristy, na Austrália, divulgado em abril e que mostrou atividade antiviral in vitro, ou seja, em cultura de células - assim, um meio onde o vírus consegue se replicar, como um pedaço de fígado, por exemplo, é injetado com a droga a ser testada e amostras são recolhidas para análise.
Estes testes preliminares são feitos com células de organismos primos ao nosso, como por exemplo, macacos e os do estudo atual, foram feitos com células de rins de macacos.
A quantidade do fármaco utilizada nos testes, e há pesquisas na Internet que podem ser consultadas, foi absurda, chegando a níveis que seriam tóxicos para os seres humanos.
A própria universidade australiana dos responsáveis pelo trabalho que lançou a moda do antiparasitário publicou um aviso para que as pessoas não usem ivermectina contra covid-19. O alerta diz que "ivermectina não pode ser usada em humanos contra covid-19" e que "o potencial da ivermectina para combater covid-19 ainda não foi comprovado"
Um exemplo é a cidade catarinense de Itajaí, que gastou pelo menos R$ 4,4 milhões só nesses comprimidos (a prefeitura local também apostou em cloroquina e homeopatia contra a covid-19). Os resultados foram pífios, para não dizer trágicos: a cidade tem o quarto maior número de mortes do estado e o dobro de Chapecó, cidade com população quase igual. Enquanto a taxa de mortes por 100 mil habitantes em Chapecó (população, 220,3 mil) é de 49, em Itajaí (população, 219,5 mil) é de 100. Outras cidades catarinenses com entre 200 mil e 300 mil habitantes, São José (246,5 mil) e Criciúma (215,5 mil) têm taxas de mortalidade de covid-19 por 100 mil habitantes de 66 e 77, respectivamente...
RELATO: Eu, autor desta matéria, tomei a Ivermectina como profilaxia. acreditei em vários "autores" por aí na Internet. Posso garantir uma coisa com toda certeza do mundo. Não impediu que eu me infectasse com a COVID-19. Neste momento, em que escrevo, estou no meu décimo dia de infecção. Pra mim, felizmente, até o momento, estou tendo sintomas leves, porém, acreditem, são ruins e persistentes, além do fator psicológico da incerteza do amanhã. E ainda, pra completar, usei como tratamento mas não senti melhora nenhuma pós doses. Apenas o tempo é quem está controlando meus sintomas que diminuem a cada dia, lentamente.
Me deixa completamente chateado, chegar num restaurante e ver que tem pessoas que insistem em não lavar as mãos ao servir, não usar máscara ou pior usar no queixo e ainda assim achar que são superiores aos demais, simplesmente por suas convicções pessoais!
Fonte: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/22/covid-19-por-que-estudo-que-indica-eficacia-da-ivermectina-nao-e-confiavel.htm
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