Entretanto, o significado do amor platônico foi distorcido através dos tempos.
Na literatura, O Banquete, escrito por Platão no século IV a.C., existem diversos diálogos a respeito do amor. Vários debates entre intelectuais e em um deles, Platão coloca duas das figuras mais célebres da Grécia antiga: seu mestre Sócrates e o dramaturgo Aristófanes, o rei da comédia helênica em confronto sobre o tema amor.
Aristófanes então recorre à mitologia para explicar o impulso amoroso. Segundo ele, o ser humano era inicialmente um andrógino de duas cabeças, quatro pernas e quatro braços. Temendo que seu poder ameaçasse os deuses, Zeus dividira essa estranha criatura em duas, e assim carregamos a sensação de estarmos sempre incompletos, desejando a união com outro. Sócrates, que descartava os mitos como mera superstição, obviamente rejeita a versão de Aristófanes e a discussão progride na direção do conceito original de amor platônico.
Se você perguntasse a Platão, ele diria que o amor deve ser a afeição elevada a um plano ideal que transcende o contato físico, mas não o exclui. Por isso mesmo, muitos leem em O Banquete de Platão uma apologia do homossexualismo, não só comum entre os gregos da época como considerado parte da relação mestre-discípulo entre os rapazes e os mais velhos. Os anfitriões do jantar narrado pelo filósofo formam um casal masculino e a festa chega a ser interrompida, a certa altura, pelo jovem
Sócrates afastando Alcebíades do vício Fonte: http://commons.wikimedia.org/ |
O termo "Amor platonicus" foi, pela primeira vez, utilizado no século XV pelo filósofo neoplatônico florentino, Marsilio Ficino, como um sinônimo de "amor socrático". Ambas as expressões significam um amor centrado na beleza do caráter e na inteligência de uma pessoa, em detrimento dos atributos físicos. Referem-se ao laço especial de afeto entre dois homens a que Platão se tinha referido em O Banquete.
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